Página 35 - dezembro2014

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Um cara engravatado entra na
lojinha do Samir, na Rua da Alfândega,
e olha com desprezo para o balcão
escuro, as roupas penduradas em
ganchos e o chão de tacos de madeira
sem polimento. O Samir se irrita com o
desprezo do sujeito e diz:
— Está olhando feio bra lujinha
de Samir? Com este lujinha, Samir
tem abartamento Ibanema, tem casa
Palco de belos cenários
A Cidade Simpatia sempre foi
considerada limpa e sua região central
palco de belos cenários. O acervo
existente em poder de historiadores e
especialistas mostra que algumas praças
da cidade eram verdadeiros cartões
postais. Passeios bem conservados,
vegetação bem aparada e a manutenção
periódica do local eram sagrados. O
resultado disso? Famílias inteiras na
praça, principalmente aos finais de ano,
quando o comércio recebia os moradores
para as compras de Natal.
O perfil das praças mudou
radicalmente e o que menos se vê é
organização. A sujeira ofusca o pouco que
ainda resta de beleza. Nem os canteiros,
que ainda resistem, ficam imunes ao
descaso. Ao acessar tais acervos, qualquer
pessoa tem vontade de se reportar aos
tempos de ouro e conhecer in loco um
tempo que ficou no passado. O jeito é
assistir ao abandono e ver o clamor do
povo se perder gradativamente.
Cidade
Simpatia
Túnel do Tempo
Búzios, tem casa Cambos da Jordão,
tem abartamento no Beirute, tem filho
estuda medicina Estados Unidos, tem
filha estuda moda Paris, tudo só cum
lujinha!
O sujeito vira e diz:
— O senhor sabe quem eu sou? Sou
fiscal do Imposto de Renda!
— Muito brazer! Eu Samir, baior
mendiroso de Rua do Alfândega.