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Fevereiro/2014
O INFORMATIVO
Durante a minha carreira, tenho visto muitos
conflitos serem evitados ao máximo dentro das
organizaçõesparaamanutençãodobomambientee
do status quo. Um colaborador deixa de apontar um
problema verificado porque temmedo da represália
do Líder (que deveria agradecê-lo). O Gestor não
aponta uma possível melhoria no processo, pois
tem medo de como outro Gestor envolvido nesse
processo se sentirá. As pessoas aceitam situações
erradas colocadas por determinado Líder, pois
sabem que não serão ouvidas.
O Líder não corrige o funcionário, dando-lhe
feedback sobre pontos a melhorar (e cumprir o
principal papel de um Líder) somente para evitar
o conflito. O Gestor não faz julgamento correto
da equipe, premiando quem merece, pois teme
conflitos com os demais.
Na vida pessoal também é assim, deixamos de
corrigir os filhos para evitar conflitos e muitas
vezes os perdemos para um mundo desconhecido.
Deixamos de conflitar com o parceiro (ou parceira) e
deixamos o relacionamento se deteriorar até o fim.
Os conflitos, afinal, devem ser evitados? Em um bom
ambiente de trabalho não deve haver conflitos?
E nas escolas, nas universidades, na política, na
economia, devemos evitar os conflitos para manter
o status quo?
Normalmente, os conflitos existem porque
O Conflito Necessário
trazem questionamentos, dúvidas e sugestões. E
questionamentos, dúvidas e sugestões são ruins?
Em nome de se evitar conflitos, devemos deixar de
questionar, de ter dúvidas e de propor melhorias?
Eistein questionou vários cientistas e teorias de
seu tempo e deixou-nos um legado que todos
conhecemos. Muitos o questionaram e o chamaram
de maluco, mas ele não fugiu do conflito; teve
convicção e desenvolveu as teorias nas quais se
baseiam a física moderna.
E no ambiente de trabalho? Como encaramos os
conflitos? Questionamos o que nos dizem? Damos
sugestões, fazemos propostas? Ou ficamos quietos,
deixamos as coisas como estão só para fugir de
conflitos?
Acho que há dois problemas que fomentam o
“não-conflito” nas empresas. O primeiro é que não
há profissionalismo nos conflitos. Infelizmente, as
pessoas levampara o lado pessoal e não enxergamo
conflito como uma possibilidade de melhoria, nem
que são necessários para que haja oxigenação de
ideias, melhoria nos processos, mudanças, melhores
resultados, crescimento do negócio. Ao contrário,
quando alguém conflita, fica marcado. Quem se
sente “prejudicado” não perde a oportunidade de
vingar o companheiro na primeira oportunidade.
O segundo problema é que muitas organizações
não enxergam o conflito como algo positivo, pois
o alto escalão dessas empresas normalmente é
centralizador: não aceita ser questionado e leva isso
para os níveis de baixo. Ou seja, a cultura do “não-
conflito” está institucionalizada.
É uma pena que isso ocorra, pois a necessidade de
competir em um mercado cada vez mais difícil faz
com que as empresas busquem melhorias a cada
momento e isto só é feito em um ambiente de
questionamento, de dúvidas, de sugestões... e de
conflitos!
Ainda bemque Eistein resistiu e não evitou conflitos.
E você? Está fugindo de algum conflito só para ficar
na zona de conforto?
Carlos H. Casarotto
carloscasarotto@casarottodho.com.br